sábado, 26 de abril de 2014

Uma noite na Ópera: Falstaff (2014)

Sabe-se lá o por quê, mas minha expectativa para essa ópera era baixa. De qualquer forma, levantei do sofá e comecei a me arrumar. Resolvi colocar uma das minhas roupas prediletas e já a considero um "vestido de ópera". Por um lado parece bobagem escrever sobre isso aqui, mas a questão "do que vestir para ir a ópera" é uma preocupação que tenho (e acho que a maioria das mulheres também!). Sempre gosto de ir mais arrumada, mas sem exagerar a ponto de virar uma outra pessoa, e para mim esse vestido é um curinga. 








Chovia fraco nesta quinta-feira em São Paulo. Chegamos um pouco mais cedo no Theatro Municipal para pegar os ingressos na bilheteria, e como ainda não estava cheio, conseguimos tomar uma sopa, meio cara porém gostosa, e acabamos jantando por lá mesmo. Sentamos na mesa perto do bar e fiquei olhando para os detalhes da arquitetura, a pintura do teto, os detalhes da mesa, e devo dizer, tudo isso deu toque especial para um noite que se revelaria....

Era a última apresentação desta ópera na temporada e o clima estava bem diferente daquele que observo em estreias, por exemplo. O ambiente estava calmo, leve...Sentamos na platéia dessa vez, próximo ao palco, como podem ver no vídeo, um bom lugar. A dificuldade era conseguir ler a legenda e prestar atenção nos cantores. Em lugares mais altos a distância da cena e a da legenda é menor e por isso mais fácil de acompanhar ambos, sem ter que escolher ver um ou outro. Mas o interessante foi acompanhar a interpretação dos cantores de perto, e considerando a presença de Ambrogio Maestri no papel principal isso foi algo importante.




  


A antecipação aumenta quando a ópera está para começar....

A história do cara gordo que se acha a última bolacha do pacote, tenta conquistar duas mulheres casadas e cheias da grana, mas acaba se dando mal de fato me fez rir. O primeiro e o segundo ato me conquistaram, eram rápidos, a trama se desenvolvia sem muita enrolação, já no terceiro ato confesso que cansei um pouco. A montagem, o figurino, as referências inglesas do rock, da moda, foram apresentados de maneira muito interessante. A orquestra do Theatro Municipal de São Paulo estava, mais um vez, espetacular! Romina Boscolo, mezzo-soprano, divertidíssima no papel da desajeitada Mrs. Quickly. Virginia Tola, soprano argentina, no papel de Alice Ford, também foi um dos destaques. Dei altas risadas com a interpretação de Rodrigo Esteves, no papel de Ford, excelente!  Ahn.......Ambrogio Maestri, O CARA que canta Falstaff hoje no mundo todo, é um capítulo a parte. Deixei o melhor para o final. 

No papel principal de Falstaff, o barítono italiano foi imponente. Me impressionou sua caracterização, a interpretação, a facilidade com que cantava, parecia extremamente a vontade neste papel. Incrível, quem não viu, perdeu! Ao final, muitos, mas muitos aplausos! Dessa vez, senti que todos no teatro entraram no clima e para Maestri, os aplausos foram dignos de uma estrela do Rock! 

Saindo do teatro, algo extraordinário aconteceu...uma surpresa mais do que divertida. Estávamos caminhando pela lateral do teatro quando do nada, surge Maestri e outros cantores na janela do teatro! Ele ria, acenava, cumprimentava a todos que saiam do teatro e estavam na rua. Claro, peguei minha máquina e tirei uma foto, fiquei tão emocionada que nem vi como ficou, só ia tirando...me senti uma fã de carteirinha! 




Com certeza foi uma noite única e especial...

Até mais! 













quarta-feira, 23 de abril de 2014

Links da Semana #11: páscoa, performances de arrasar e selfie operístico




1) Enquanto Villazón canta mais uma vez La Traviata na Bayerische Staatsoper e pinta ovos de páscoa para doação, Joyce DiDonato canta La Cenerentola (Cinderela) no Met pela primeira vez e "dá uma de Ellen" ao postar no facebook um selfie da turma operística. Diana Damrau encanta como Violeta em La Traviata, só que dessa vez, em Londres, Plácido Domingo comemora a vitória do Real Madrid na Copa do Rei e demonstra todo seu entusiasmo pelo tênis! Enquanto isso, Olga Peretyatko solta a voz em Il Puritani, no Met

2) Quem tiver interesse e/ou for assistir Falstaff no TMSP pode conferir a história no Youtube através do canal do Theatro Municipal de São Paulo. Além de um vídeo com o próprio Maestri arrasando no papel de Falstaff!


Até mais! 
 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Os aplausos e a ópera!


O aplauso pode ser algo estranho numa ópera. Uma das questões principais é QUANDO aplaudir. Se você erra o momento isso pode lhe render olhares de desaprovação! Por isso, sempre fico meio tensa, já vive momentos em que queria aplaudir mas, como ninguém tomou a iniciativa, fiquei na minha. Será que outras pessoas também ficam preocupadas em aplaudir no "momento errado"? Quando devemos aplaudir? Geralmente ao final de uma grande ária ou coro. Se você conhece uma ópera bem, certamente já está familiarizado com as principais árias, as pausas da orquestra e os momentos em que geralmente o cantor "arranca" aplausos!Assim, fica mais fácil. Se você não conhece, sugiro esperar outros aplaudirem, mas se no seu íntimo o momento pedir um "Bravo!" e você não tiver muita vergonha, sugiro que faça! As vezes sinto falta de uma expressão mais espontânea da platéia...

Outra questão importante e que procuro respeitar, é esperar a orquestra finalizar de tocar para então começar a aplaudir. Mesmo se cantor já finalizou a ária, mas se a orquestra está encerrando eu não costumo aplaudir. Sei lá o motivo, sinto que é como uma forma de respeito a música...É bem frequente, pelo menos aqui em São Paulo, as pessoas aplaudirem antes, especialmente quando o cantor arrasou! 

Outra situação típica da ópera, são os aplausos juntos aos gritos da platéia, geralmente animada! Com a ópera Falstaff em cartaz aqui em SP, o barítono Maestri, recebeu 20 minutos de aplausos calorosos e imagino, regados ao som de Bravo! Como nos conta a Agência Italiana de Notícias do Brasil. Esse elogio significa que o cantor foi muito bem!! Descobri que se diz Bravo! para homens e Brava! para mulheres. Para grupo/coro deve-se dizer Bravi!. Se os aplausos foram demorados e intensos pode acontecer um Bis, e o cantor então repete a ária. Essa é uma decisão do cantor e do regente.  

Enfim, sempre bom ficar com os ouvidos atentos.

Até mais!

Referências: 
"Opera for DUMMIES". David Progue e Scott Speck. John Wiley & Sons, Inc. 1997. 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Falstaff (Verdi)

A história é baseada em duas peças de Shakespere; "As alegres comadres de Windsor" e "Rei Henrique IV". O libreto foi escrito por Arrigo Boito. Essa ópera é considerada a única obra de comédia composta por Verdi, já no final de sua vida, em 1893.  

PRIMEIRO ATO 

A história se passa em Windsor, Inglaterra, por volta do século 15. A primeira cena começa em uma hospedaria, Sr. John Falstaff, um barítono obeso, está sentado em um mesa cheia de bebidas com seus capangas Bardolfo e Pistola. Dr. Caius entra na cena acusando Falstaff de ter entrado em sua casa, maltratado seus criados e roubado sua carteira. Falstaff nega tudo. Bardolfo e Pistola acompanham Dr. Caius para fora do estabelecimento cantando "Amen" de forma sarcástica. Com a intenção de encher novamente sua bolsa de dinheiro, Falstaff começa a falar do rico burguês Ford, mencionando a beleza de sua mulher. Também comenta de um outra mulher que lhe interessa, a Sra Paige. Ele escreve uma carta de amor para ambas e pede para que sejam entregues. Na segunda cena, no jardim da casa de Ford, Alice Ford e Meg Paige estão discutindo sobre as cartas que receberam, percebem logo que se trata do mesmo fulano, John Falstaff, e começam a tramar uma armadilha para ele a fim de torná-lo alvo de zombaria na cidade. As mulheres se escondem, Dr. Caius, Bardolfo, Pistola, Fenton e Ford aparecem na cena e também falam de suas queixas contra Falstaff. As vozes das mulheres e dos homens se unem num conjunto de 9 pessoas. Ao final, Pistola (ex-capanga) conta a Ford que Falstaff está armando um encontro com sua mulher. Paralelamente é apresentado a história de amor entre Fenton e Nannetta, a filha de Ford. Sempre quando os dois se encontram sozinhos eles começam um dueto romântico. Isso ocorre durante toda a ópera. Quando Nannetta nota que pessoas estão chegando, Fenton sai de cena. Alice, Meg e Dame Quickly estão discutindo sobre a armadilha.

SEGUNDO ATO

Na primeira cena, de volta a hospedaria, Falstaff está sentado, bebendo. Dame Quickly aparece na cena e informa Falstaff que Alice recebeu sua carta e está lhe esperando em casa entre duas e três horas, seu marido está ausente nesse período. Há também uma outra mensagem de Meg Page, dizendo que ela ficou completamente enfeitiçada pelo cavalheiro. Depois que ela sai, Falstaff cumprimenta a si mesmo pelo seu irresistível charme! O próximo visitando é "Mestre Fontana", na verdade é Sr. Ford disfarçado. Ele oferece a Falstaff uma bolsa cheia de dinheiro se ele lhe ajudar a conquistar Alice. Falstaff então comenta que já tinha arranjado um encontro com ela. Sr Ford, não sabe que sua mulher também está conspirando contra Falstaff, e canta uma ária sobre a infidelidade feminina.  Ford e Falstaff saem juntos. De volta a casa do Sr. Ford, a segunda cena, Falstaff encontra Alice e conta sobre sua forma física enxuta quando jovem. Quando chega o Sr. Ford, Alice rapidamente esconde Falstaff primeiro atrás de um biombo e depois dentro de um grande cesto de roupas sujas. Sr. Ford procura o pilantra pela casa e condena sua esposa pela atitude. Ela então pede aos serventes que joguem o cesto de roupa pela janela! Falstaff então cai no rio, e todos dão risada!

TERCEIRO ATO 

Na primeira cena estamos de volta a hospedaria, com Falstaff sentado, tomando vinho e contando que está se sentimento melhor. Dame Quickly aparece e comenta com Falstaff que Alice está com muito remorso pelo o que aconteceu e que os criados que fizeram isso foram castigados. Ela lhe entrega uma carta de Alice. O plano para os dois se encontrarem é que ele se vista de "Caçador Negro" e a encontre meia noite em uma floresta assombrada. Todos sabem desse plano e se fantasiam. Na segunda cena, os mais diversos personagens da floresta aparecem e começam a tormentar Falstaff. Quando ele pede por misericórdia, todos tiram as máscaras e riem histericamente, menos Falstaff que não achou nada daquilo engraçado. No final, Sr. Ford autoriza o casamento dos jovens apaixonados, Nannetta e Fenton, e Falstaff encerra a ópera liderando o coro que diz "o mundo é uma piada"!

Referências: 
"As mais famosas Óperas por Milton Cross - Mestre de Cerimônias do Metropolitan Opera". Editora Tecnoprint Ltda., 1983. 
"Opera for DUMMIES". David Progue e Scott Speck. John Wiley & Sons, Inc. 1997. 


quinta-feira, 10 de abril de 2014

Links da Semana #10: Opera Awards, Ingressos e Ambrogio Maestri no Brasil!


1) Dia 07/04/14 aconteceu, em Londres, a premiação do International Opera Awards. Na categoria nova produção, ganhou "Norma" realizada no Festival de Salzburg com a participação de Cecília Bartolli.  Na categoria cantora feminina, ganhou Diana Dmrau. Vale ressaltar a importante participação da produção brasileira de "Sonho de uma noite de Verão", indicada a melhor ópera. A montagem de André Heller-Lopes foi a única concorrente latino americana! A cultura FM disponibilizou no site uma entrevista com o produtor

2) Recentemente o Theatro Municipal de São Paulo trocou a empresa que disponibiliza a venda de ingressos pela internet. Antes era ingresso.com, agora é a empresa ingresso fácil. Os preços mudaram um pouco também, não acho que estejam tão mais caros, mas parece que estão mais organizados. Neste link você tem acesso aos novos valores

3) PARA TUDO! Ambrogio Maestri, barítono que representou Falstaff na produção 2013/2014 do MetOpera será o NOSSO barítono, na produção (abril 2014) dessa mesma ópera aqui do Theatro Municipal de São Paulo! Agora que me dei conta disso! Imperdível!!Já garanti meus ingressos! obs: ele cantará nos dias 12, 15, 17, 19, 22 e 24 de Abril. 



Até mais!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

E a última ópera de Verdi foi... uma comédia...

Nunca assisti Falstaff, apenas li sobre a história e vi alguns videos na internet. É a última ópera de Verdi  e apresenta ao público, desde 1893, a história cômica de um gorducho descarado que se acha o máximo, dá em cima de duas mulheres e visa somente o lucro e si próprio, mas supostamente ao final "tem o que merece". Tenho que ser honesta, ao ler fiquei pensando porque essa ópera é tão famosa, não parece interessante, nem engraçada...

Foi aí que um vídeo com Robert Carsen, diretor da produção 2013/2014 desta ópera no Metropolitan Opera House, mudou um pouco minha opinião. Ele acha incrível (e realmente é!) como Verdi, já com 80 anos, conseguiu produzir algo tão diferente do que fazia antes, seus dramas potentes e trágicos. Uma ópera com poucas árias e muitos personagens cria virtuosas passagens com quatro a oito pessoas cantando ao mesmo tempo! O efeito deve ser maravilhoso... 

Por isso, com essa ópera desembarcando no Theatro Municipal de São Paulo a partir do dia 12/04, vou ter que assistir ao vivo e contar depois se valeu ou não. E você, já foi a ópera?

"Impressões de Falstaff" ( produção do The Metropolitan Opera House - 2013/2014). 



Até mais! 



quinta-feira, 3 de abril de 2014

Links da Semana #9: Cultura FM, cinema a La Bohème e abril com Falstaff.


1) Quando voltava para casa ontem resolvi, despretensiosamente, ligar o rádio na Cultura FM 103,3 e tive a sorte de acompanhar uma parte do programa Seguindo a ópera com o diretor cênico Walter Neiva. Parece muito interessante e diversificado! Ontem ele comentou sobre uma cantora do passado, que nunca tinha ouvido falar, Teresa Berganza. Transmitido aos sábado, às 14hrs e reprisado nas quartas às 21hrs.   

2) Sabe quem está de volta ao cinema neste final de semana? La Bohème, só que agora na produção do Metropolitan Opera House de NY, com Vittorio Grigolo e Anita Hartig. Essa gravação é diferente daquela do Royal Opera House que eu assisti, por que essa é ao vivo mesmo!!!!!Você pode assistir aqui em SP no Kinoplex Vila Olímpia, somente sábado (05/04) às 13h55. Quem for pode aproveitar e ler a história que postei aqui no blog

3) Não se esqueçam, em Abril (12/4) começa Falstaff (Verdi) no Theatro Municipal de São Paulo. Confiram toda a programação no site. No dia 05/04 (sábado) às 17hrs, o jornalista Irineu Franco Perpétuo vai dar uma palestra sobre essa ópera lá mesmo no teatro. Depois conto mais sobre a ópera. 

Até mais! 


quarta-feira, 2 de abril de 2014

A voz de Angela Georghiu

Quando assisti uma ópera pela primeira vez, em DVD, mal sabia que foi essa produção de La Traviata  que lançou definitivamente a cantora Angela Georghiu para a fama. 

Romena, nasceu em 1965 na cidade de Adjud, começou os estudos de canto lírico cedo, aos 14 anos, e graduou-se na Universidade Nacional de Música e Bucharest (Romênia), teve como mestre Mia Barbu. Já foi casada com um tenor francês super conhecido, Roberto Alagna. Já gravou diversos CDs e DVDs e se apresenta nos melhores teatros do mundo. Soprano, se destaca nos papéis de Violeta (La Traviata) Mimi (La Bohème), Adina (L´elisir de Amore) e Julieta (Romeo e Julieta).  É interessante comentar que apesar da idade avançando não observei mudanças em seu repertório, como acontece com muitas cantoras. Desde  jovem ela canta os mesmo papéis, com pequenas variações.  Comentam que como pessoa ela tem um gênio forte e não gosta de óperas com produções modernas. 

Georghiu para mim é uma cantora elegante, com um timbre diferenciado, que demonstra uma enorme facilidade para cantar e também uma potência incrível na voz, interpreta sem grandes exageros mas conserva certa paixão e desenvoltura. Nunca a assisti ao vivo, tenho somente a experiência em DVD e CDs. Quem tiver a oportunidade, acho que seria incrível. Já presenciei o clima de excitação e frenesi momentos antes de uma cantora "de peso" subir ao palco, certamente é uma experiência única.  

Realmente acho sua voz diferente da maioria, talvez seja assim com essas cantoras que ficam para a história, há algo característico na voz delas que as diferenciam das demais. A técnica é necessária e imprescindível, mas certamente, são as diferenças e as singularidades que tornam uma voz inesquecível!! 



Até mais!