quinta-feira, 6 de março de 2014

Il Trovatore (Verdi)


Esta ópera de Guiseppe Verdi é baseado na peça de Antonio Garcia Gutierrez "El Trovador" . A primeira apresentação ocorreu em Roma, 1853. A história se passa na Espanha, século XV. 

Primeiro Ato (O duelo)


A primeira cena acontece em uma sala perto dos aposentos do Conde Luna, no Palácio. Ferrando (capitão da guarda do palácio) chama atenção dos criados para que permaneçam acordados pois o Conde deve voltar a qualquer momento. O Conde está apaixonado por Leonora (dama de companhia da Rainha da Corte de Aragão), ele faz vigílias noturnas sob sua Janela e esta preocupado com o surgimento de um rival na cena, um certo trovador. Para manter todos acordados até a chegada do Conde, Ferrando narra através da musica " Di due filgi vivea" uma história passada. Há muito tempo, a ama de um dos filhos do então Conde, encontrou uma cigana inclinada sobre a cama do bebê. Os criados colocaram a cigana pra fora, e após um tempo o menino ficou doente, todos acharam que isso ocorreu por uma maldição da cigana, então a capturaram e a queimaram. A filha desta cigana louca por vingança raptou o outro filho deste conde e o atirou nas chamas, assim diz a lenda já que encontraram ossos de uma criança nos restos da pira. O Conde ainda acreditava que seu filho estava vivo e no leito de morte fez o filho mais velho (atual Conde Luna) jurar que iria encontrar o irmão. Ferrando termina dizendo que o fantasma da cigana ainda ronda o castelo, o relógio bate meia noite.



Na segunda cena, Inês (dama de companhia de Leonora) acompanha Leonora que esta inquieta pensando em seu novo e misterioso admirador, com a ária "Tacea la notte placida" retoma a história do misterioso cavalheiro que agora retornou como trovador e lhe faz serenatas em baixo da janela, ela está apaixonada por ele. Surge o Conde de Luna na cena, ele está olhando para a janela da amada Leonora e canta seu amor por ela em frases ardentes. Porém, escuta um som da harpa e diz bravo que é o tal trovador, a voz de Manrico (o trovador) é ouvida de longe na serenata, "Deserto sulla terra". Leonora confunde os admiradores e acha que o Conde de Luna é Manrico. Nesse momento, ela corre para seus braços. Quando Manrico vê a cena, a chama de infiel! Então Leonora percebe o engano e se ajoelha diante de Manrico implorando seu perdão. Em um animado trio, o trovador tranquiliza a amada e o Conde furioso diz que reprova Leonora e tirará a vida de Manrico. Os dois começam um duelo e Leonora desmaia.



Segundo Ato (A cigana)



A primeira cena se passa em um acampamento de ciganos, Azucena (uma cigana) está ao lado de Manrico. Ao nascer do sol os ciganos começam a se movimentar e a pegar suas ferramentas, iniciam o famoso "Chi del gitano i giorni abbella?". O clima muda e então Azucena inicia sua ária "Stride la vampa", na qual ela conta sobre a horrível cena de ver sua mãe queimada, os ciganos tentam consolá-la. Ela então com muita raiva se volta para Manrico e lhe ordena que ele a vingue, o rapaz fica confuso. A cigana continua com a história, e relata que desesperada com a morte da mãe, resolveu raptar o filho mais novo do Conde e o levou para a pira. Em uma dramática passagem ela conta que atirou o bebê nas chamas, mas no calor da situação percebeu horrorizada que sacrificara seu próprio filho! Manrico fica assustado com a história e tenta descobrir o mistério de seu próprio nascimento, ele percebe que ela não é sua mãe. Porém Azucena continua dizendo que ele é seu filho. Azucena pergunta a Manrico porque ele não matou o Conde de Luna na batalha (da segunda cena, primeiro ato) e o rapaz conta que ouviu uma voz adverti-lo para que não fizesse isso. A cigana, com muita raiva, pressiona Manrico para matar o Conde quando tiver uma chance. Ao saber que a fortaleza de Castellor caiu Manrico parte para a batalha, e fica aflito quando descobre que Leonora, pensava que ele tinha morrido, e por isso está a caminho do convento. Azucena implora para que Manrico não vá, mas ele diz que nada poderá separá-lo da amada, Leonora, e a cena termina com um dramático e poderoso refrão dos dois. 



A segunda cena começa no exterior de um convento, perto da fortaleza de Castellor. O Conde conta a Ferrando que sua ardente paixão por Leonora fez com que ele tentasse tirá-la do convento, ele planeja entrar antes que ela faça os votos. O Conde entra e encontra Leonora e Inês e outras mulheres, todas surpresas com a intrusão do Conde, quando surge também Manrico. Leonora corre para seus braços, não acreditando que ele está ali, canta "E deggio e posso crederlo?". Então Manrico e o Conde de Luna se preparam para lutar. A cena termina com as freiras entrando no convento em um crescente coro.



Terceiro Ato (O filho da cigana) 



Na primeira cena o Conde está em seu acampamento preparando-se para a batalha que se aproxima. Amargamente ele pensa em Leonora, que agora está nos braços de Manrico. Ele jura vingança. Ferrando interrompe dizendo que os guardas acharam uma cigana vagando nas redondezas. Ela é suspeita de ser uma espiã. Azucena é trazida e pede piedade. No comovente refrão, "Giorni poveri vivea" a cigana conta de sua vida ao lado do filho, sua única alegria. Ferrando declara que ela é a feiticeira que jogou o irmão do Conde na fogueira. Azucena desesperada com a situação grita por Manrico, e irada diz ao Conde que um Deus vingativo o matará por sua injustiça. As vozes de Azucena, Ferrando, Conde e os guardas se unem dramaticamente. O Conde então ordena a morte da feiticeira. Na final do coro os aguardas levam a cigana. 



A segunda cena começa no salão do Castelo de Castellor, é o casamento de Leonora e Manrico, ela está apreensiva pelo iminente ataque das forças do Conde (que acampa ao redor do castelo). Manrico tentando tranquilizá-la canta a bela ária "Ah, si, ben mio". O casal jura amor eterno no dueto "L´onda de´suoni mistici". Ruiz (um oficial a serviço de Manrico) interrompe e diz que no acampamento do Conde tem uma cigana que será levada para a fogueira. Manrico fica desesperado e conta para Leonora que a cigana é sua mãe. Manrico inicia uma das árias mais dramáticas da ópera, "Di quella pira". Ele jura salvar sua mãe da morte, dá adeus a Leonora e parte. 



Quarto Ato (A tortura)



Na primeira cena é noite e Manrico e Azucena estão presos na torre, já que o trovador fracassou na tentativa de salvar sua mãe. Leonora e Ruiz vão tentar salvar Manrico. Na mão direita Leonora tem um anel contendo veneno, na ária "D´amor sull´ali rosee" ela canta sobre sua paixão e a esperança de resgatar seu amor. Um sino começa a tocar, vozes masculinas de dentro do castelo iniciam "Miserere" introduzindo uma parte famosa da ópera. Então da torre escuta-se a voz do trovador, "Ah! Che la morte ognora", lamentando a morte e o adeus a Leonora. Leonora, na sua última tentativa para salvar seu amor, aparece na frente do Conde, pedindo para que ele poupe Manrico, ela afirma que será dele se libertar Manrico. Leonora rapidamente, leva o anel a boca, e toma o veneno. Quando o Conde se volta para ela dizendo que poupará a vida de Manrico, Leonora canta "Vivrà! Contende il giubilo". Os dois cantam juntos ao final da cena.



Na segunda e última cena da ópera, Azucena e Manrico tentam se confortar. Azucena lembra com horror da morte de sua mãe e exausta cai nos braços de Manrico. Azucena canta um triste refrão "Ai nostri monti", algo como "regressaremos as nossas montanhas", e cai adormecida. Leonora abre a porta da prisão e implora para Manrico sair imediatamente. Ele recusa-se a ir embora sem a amada. Manrico percebe que Leonora deu algo em troca por essa oportunidade de salvá-lo e quer saber o que foi. Manrico amargamente reprova a atitude da amada que cai aos seus pés, já que o veneno começou a fazer efeito. Leonora conta que tomou veneno e esta morrendo, Manrico fica desolado e implora seu perdão. O Conde muito bravo diz que se vingará de ambos. Com um grito de adeus, Leonora morre nos braços de Manrico. O Conde ordena que levem o trovador para a morte, e então com as palavras "Ah, madre, addio" de Manrico, Azucena acorda confusa. O Conde diz que Manrico foi executado, e Azucena volta-se para o Conde e revela que Manrico era seu irmão, ela canta que sua mãe foi vingada afinal! Ela cai inconsciente, enquanto o Conde de Luna grita de horror! 




Referência: "As mais famosas Óperas por Milton Cross - Mestre de Cerimônias do Metropolitan Opera". Editora Tecnoprint Ltda., 1983. 

2 comentários:

  1. O trovador é uma das minhas óperas preferidas. Não me importa que o enredo seja um tremendo dramalhão. O canto é vibrante, e, quando se encontram cantores à altura,o resultado é insuperável e inesquecível. Destaco a Leonora de Callas, o Manrico de Domingo, o Luna de Panerai e, sem dúvida, a Azucena de Fiorenza Cossoto, inigualável como a cigana. Aliás, essa personagem deveria ser talvez a principal. Na Alemanha, foi inicialmente considerada como tal, tanto que a ópera foi lá exibida sob o título de Die Rache der Zigeunerin (A Vingança da Cigana). Da famosa trilogia verdiana, O Trovador é a mais "operística",isto é, a mais teatral e espetacular, enquanto A Traviata é a mais intimista.

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  2. Das três sem dúvida Il Trovatore é a que mais gosto Porém as melhores óperas de Verdi são, para mim, Othelo e Aída.
    Também gosto de Macbeth.

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